quarta-feira, 8 de junho de 2011

Help me, I'm just not quite myself.

Grande minimalismo esse meu.
O lápis do lado da caneta, os dois na horizontal, a borracha em primeiro lugar para segurar os demais. Se esbarro com o lado direito, volto para esbarrar com o esquerdo. As fotos têm que estar em simetria perfeita. Os olhos alinhados corretamente. Distanciamento exato entre as palavras. O exato tamanho do parágrafo. Sempre tão apreciado e tão desnecessário aos olhos alheios.
O aleatório não vai muito com a minha cara. Ouço músicas agradáveis e quando muda de repente me deparo com aquela que me lembra você. Não vai adiantar mudar de música porque a sua imagem ja está dentro da minha mente e dificilmente vai sair. Saio pelos corredores buscando sua pele clara, seus cabelos negros e cabeça sempre baixa. Não encontro.
Volto à vida normal, à música que não tem nada a ver com você, mas me lembra seu rosto e tudo o que aconteceu quando estávamos tão próximos. Resolvo finalmente mudar de música antes que eu sofra uma overdose. Esbarro em você.
Ei, volte aqui, ainda preciso esbarrar do outro lado!
Gostaria de saber quem foi a pessoa merecedora de todo o meu ódio que inventou que nós temos que ser tão estúpidos quando estamos perto da pessoa que gostamos. Não tenho tempo de pensar nisso, nem em mais nada. Quando penso em cumprimentar, sinto um olhar de ódio me atingindo. É ela.
Você liga? Eu não.
Por que não ficamos parados aqui? A multidão pode esperar, não é educado interrompar uma troca de olhares tão forte. Que tal tomarmos um café? Se você não gostar, tudo bem, estou acostumada com as suas negações e diferenças. Eu tambem não gostava, mas tive que me acostumar depois de ficar tanto tempo acordada escrevendo poemas que jamais mostrei pra ninguem.
Acho que vou dormir por aqui mesmo, ficar acordada se torna muito difícil quando se vira a noite sem vontade de dormir, por saber que vou te encontrar no meu sonho. Ou encontrarei na multidão do corredor.
Vou optar por dormir, pelo menos no sonho podemos ficar conversando, sentados no banquinho, perto da flor que aparenta ser de plástico, mas é real. Tão real quanto o perfume ou o beijo dado, tão real como o abraço que você me deu antes de dizer boa noite e me deixar ir embora sozinha sem me avisar que não iria me abraçar de novo.
Pretendo revelar uma foto sua e esconder entre todas as outras que estão na parede do meu quarto. Ninguem vai notar e quem notar eu digo o nome do artista que mais se parece com você e tudo será relevado. Afinal, há muita coisa para se notar.
Só eu vou ficar parada por horas na frente da foto. Observando cada ponto seu. Preto no branco. Você no papel. Como a borra do café. Não posso deixar que meu café esfrie. Preciso terminar de pintar as unhas, ainda falta uma camada para esconder as olheiras da noite passada, apenas mais uma mal dormida.
Quero voltar a falar de gatos, pular para pegar galhos, quase ser atropelada, quero ouvir tiradas e ficar olhando para os lados quando não souber o que falar.
O gosto da Avon ainda está na minha boca.

{Heart in a Cage - The Strokes}

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